O cinema francês mantém-se excepcional.
Lembro que uma das minhas primeiras experiências consciente com a França cinematográfica foi em 1991 e "Os Amantes da Ponte Neuf". Depois vieram Jean-Luc, Truffaut, Besson, Chabrol e outros.
A minha real "primeira experiência" foi com o esplêndido "O Magnífico", estrelado pelo superlativo Jean-Paul Belmondo. Um daqueles filmes que você assiste quando criança (diferente das outras é claro!) e te marcam profundamente. O filme usa a narrativa de um filme dentro do outro (claro que na época eu n entendia isso) pra contar a história de um escritor 'loser' que se transformava NÔ CARA dentro dos seus livros.
Na época senti uma dor (adolescente) naquele momento irreconhecível! Ver um herói falível sofrendo amarguras no jogo e no amor numa narrativa incomum cheia de metalinguagem foi pra mim surpreendente. Tente esse filme!
Mas aí pulamos para essa obra do filho de Costas-Gavras (que vem chocando com alguns clipes musicais dirigidos por ele), que assim como seu pai é um cineasta bem politizado, e aqui, sua cria trata de loucura, obsessão e preconceito.
O jovem é um candidato natural (não aparente) à loucura e o psiquiatra é naturalmente louco. Ambos partem numa jornada beligerante contra seus pares humanos. Contam com a singularidade (supõe-se que apenas 4% da população é ruiva) de cabelos vermelhos naturais e depois de enxergar uma família de irlandeses cabelos cor de fogo, o jovem decide ir para Irlanda, lugar que depois da Escócia possui o maior números de ruivos.
Eles tocam o terror num vórtice de loucura, ensejado por um espécie de combate distorcido contra o preconceito.
O filme tem um ritmo lento (natural ao cinema de autor) e se apóia na boa performance de Cassell.
Destaque: o paradoxo do combate ao preconceito dos persanagens, apoiando-se exatamente NO preconceito, descrito prefeitamente na melhor cena do filme: os beijos forçados na cerimônia de casamento (igreja = símbolo de amor e compreensão; beijo = maior símbolo de afeição (ou traição, né?).
Indicado para quem gosta de cinema francês e histórias mais reflexivas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário